Ao ver uma rosa branca
O poeta disse: Que linda!
Cantarei sua beleza
Como ninguém nunca ainda!
Qual não é sua surpresa
Ao ver, à sua oração
A rosa branca ir ficando
Rubra de indignação.
É que a rosa, além de branca
(Diga-se isso a bem da rosa...)
Era da espécie mais franca
E da seiva mais raivosa.
- Que foi? - balbucia o poeta
E a rosa: - Calhorda que és!
Pára de olhar para cima!
Mira o que tens a teus pés!
E o poeta vê uma criança
Suja, esquálida, andrajosa
Comendo um torrão da terra
Que dera existência à rosa.
- São milhões! - a rosa berra - Milhões a morrer de fome!
E tu, na tua vaidade Querendo usar do meu nome!...
E num acesso de ira
Arranca as pétalas, lança-as fora, como a dar comida
A todas essas crianças.
O poeta baixa a cabeça.
- É aqui que a rosa respira...
Geme o vento. Morre a rosa.
E um passarinho que ouvira
Quietinho toda a disputa
Tira do galho uma retaE ainda faz um cocozinho
Na cabeça do poeta.
Vinícius de Morais
4 comentários:
Com esta poesia, deste dito "poetinha", não teria como eu não amar esta foto! Prof.(quase ex), vc é "o cara"! bj
Lindos.
O poema e a foto.
Perfeito!
Essa foto tá perfeita!
Muito boa!
Esta é a minha preferida....
rosa vermelha...
não existe nada que se possa comparar à sua beleza...
O poema tb está lindo!
Postar um comentário